sábado, 27 de outubro de 2012

Aloprado Alonso vs Jadiel Fioravante - Cultura de Arma no EUA e os Massacres de Columbine e Colorado


Aloprado Alonso - Introdução
Saudações leitores desse debate e cordiais saudações Jadiel Fioravante.

O tema escolhido pelo meu adversário leva em conta o seu vasto e inegável conhecimento prático sobre a cultura de armas e violência sem precedentes nas comunidades cariocas conhecidas mundialmente como favelas e ao seu fascínio pelo modo de vida no EUA.

Diante disso, notoriamente chama a atenção dele que a sociedade americana seja adepta do porte quase irrestrito de armas e devido a isto talvez esteja enraizado no comportamento do povo certos traços de violência fora do habitual ligado a armas de fogo como o massacre do cinema do Colorado.

Antes de tudo é necessário fazer uma rápida distinção sobre os dados do enunciado do debate. Sendo o primeiro a cultura de armas no EUA, que em suma decorre de um direito constitucionalmente garantido que cada cidadão
 porte armas para defesa pessoal e patrimonial; fato também comum em outros países. Portar arma é um direito que visa uma finalidade concreta de proteção tendo em vista uma ameaça ou ofensa direta aos bens tutelados em lei como passíveis de defesa por este meio, e não se liga de forma alguma a primeira vista aos casos de violência generalizada e casos pontuais de massacres como o do cinema Colorado e outros como o famoso caso do massacre de Columbine também ocorrido no estado do Colorado.

Em segundo lugar temos o termo trazido pelo Jadiel de “Cultura de Violência” a qual ele necessariamente precisa conceituar melhor nesse caso, pois me parece um tanto fora de base dizer que simplesmente no EUA existe uma cultura de violência ligada ao fato de portar armas que gera casos como os massacres acima citados.

A violência é uma realidade na vida do ser humano desde os primórdios de sua história. Queiramos ou não o homem vive em ambientes violentos independente da existência ou não de armas de fogo. A violência é o uso duma força que visa intimidar e criar danos dentro duma situação específica e que muitas vezes pode ser concretizada por meios morais, físicos e psicológicos.

Vale citar ainda que o Estado é o detentor do monopólio legal das medidas violência armada permitidas “in societate”, pois seu aparato militar e policial detém mais especificamente os meios necessários ao uso da violência armada conforme a situação prevista em lei exija tal medida. Por outro lado existe a violência criminal armada que visa impor seu poder e usar isto como método de delinqüência na sociedade, bem como, também conhecemos o terrorismo que além de meio armado de geração de violência tendo em vista ideologias e concepções políticas, sendo que isto é também um método de propaganda violenta que utiliza o uso concreto de armas como propaganda em diversas situações.

Em terceiro plano temos o caso concreto do massacre de Aurora o qual a mídia noticiou estes dias e que causou comoção e revitalizou o debate sobre as limitações de onde e de como se devem usar as armas de fogo no EUA e como fiscalizar de forma mais qualitativa quem detém o direito de adquiri-las e portá-las dentro dum liame objetivo de liberdade.

No Brasil temos o debate sobre o desarmamento imposto pelo governo federal, mesmo sendo a maioria da população contrária a esta idéia. Este assunto pode integrar também como contraponto esta discussão. Entretanto, o Brasil tem uma cultura e influência muito menor em grau de uso permitido como uso inadequado de armas de fogo em casos extremos. Vale citar como exemplo o caso do massacre colégio do Realengo alguns anos atrás, o qual traz em seu bojo elementos subjetivos semelhantes aos casos dos massacres do Colorado.

Impor a tese que o simples porte de arma de fogo é uma espécie de malefício que gera por si só uma cultura de violência na sociedade civil e em conseqüência disso massacres é uma tese descabida de propósito para este debate. Portanto, espero que o Jadiel não seja simplório e demagogo trazendo um discurso de “paz e amor” ou pacificista contra as armas alegando que tudo que ocorre no EUA nesses casos está ligado exclusivamente ao porte de armas. Espero que ele encare a questão de frente e por todos os lados na medida do possível longe desse melodrama.

Para sistematizar de forma mais específica o conteúdo desse debate, faz necessário esclarecer que em sua origem o EUA é um país que em sua formação política e social buscou fugir ao máximo do paradigma do absolutismo europeu. Os imigrantes de maioria britânica que fundaram o EUA tinham em sua mente uma nação livre e independente, onde cada pessoa tem o direito de defender sua liberdade pelos meios legais permitidos sem que o Estado interfira em sua vida e forma de pensar.

Nesta mesma época na Europa temos casos concretos em que a população era desamparada em diversos setores, inclusive não detinha armas de fogo como meio de defesa contra ameaças até mesmo do próprio Estado opressor. Parece-me com solar clareza que a chamada cultura americana de permissividade de porte e uso de armas de fogo tem ligação direta com esta faceta histórica.

Quanto à cultura de violência vale relembrar que no ápice do Império Romano a violência era presente na sociedade com diversas formatações. Uma delas eram os embates de gladiadores do Coliseu em que não apenas a violência, mas a morte era encarados como fatos típicos de sua época e aceitos de forma distinta de como compreendemos as coisas hoje em dia. A violência está sempre presente nas relações sociais duma forma outra, seja numa briga de bar ou em algum caso de violência doméstica, e na maioria deles não há a presença das armas de fogo como matriz dessa mesma forma de violência.

Para fechar devo trazer a baila que na sociedade, desde sempre, existiram sociopatas e psicopatas que geram violência independente do uso de armas de fogo. Existem esses indivíduos que por motivações mais pessoais e degeneradas da natureza humana que causam massacres e crimes onde a violência e requinte de crueldade são evidentes que não são apenas ligados a uma cultura e ideologia, mas muito mais a uma torpeza da sua natureza humana terrível.

Passo a palavra para o Jadiel para sua introdução.


Jadiel Fiorvante - Introdução

Primeiramente quero agradecer a expectativa de todos por este debate. Acho que as pessoas esperam um bom duelo neste primeiro Campeonato da Ringue Filosófico e me esforçarei para proporcionar isso. Em segundo lugar, quero também agradecer ao Alonso, grande debatedor, por ter iniciado o debate e até agora ser compreensivo com minha demora.

Bem, antes de refutar algumas coisas da consideração inicial do meu colega, gostaria de dissertar um pouco a respeito do tema. Sabemos que os EUA são um país belicista, a sua tecnologia de guerra visa proteger seus territórios e principalmente seus interesses econômicos. Desde a Guerra de Secessão ocorrida entre 1861 e 1865, os EUA não enfrentam uma guerra civil e maior parte de seus investimentos em armamentos foram para campanhas de guerras externas.

Não digo que uma nação não deva prote
ger os seus interesses, cada nação que proteja o seu interesse desde que não desrespeite os direitos humanos e a soberania das demais nações, e que realmente, a maior superpotência deve ser militarmente proporcional ao seu patrimônio econômico. Porém, essa educação de defesa dos interesses através de imposição de violência, seja na forma mais branda delas, como um embargo econômico por exemplo, ou até o lançamento das bombas atômicas, faz com que a insensibilidade dos cidadãos desse país seja profundamente valorizada. A criança americana já aprende que sua defesa é legítima em qualquer situação, vivem em um país que prega que os interesses da nação devem ser mantidos em primeiro lugar, não importa se por falso dossiê que alegava armas químicas no Iraque, para invadir, ou se o motivo é para caçar um terrorista muito perigoso que se escondia entre as montanhas do Afeganistão, enfim, os interesses da nação americana justifica qualquer ato de violência. Esse é um ambiente interno de cultura do Poder e Dominação maior entre todas as nações do globo, o ambiente da sociedade propicia um clima de insensibilidade e frieza frente aos outros. Esse cenário de pregação belicista tem crescido nas últimas décadas e influenciado a sociedade em geral. Para se ter uma ideia na guerra do Vietnã, a maior parte da sociedade americana defendia a volta dos soldados para os EUA e o fim da guerra, a popularidade do presidente Lyndon Johnson estava abalada e ele desistiu da guerra, mas os jovens americanos dessa época estavam vivendo ainda a era de “paz, amor e rock and roll” de Woodstock, a mente dos jovens estava no coletivo e não no ego e na proteção do eu indiferente aos sentimentos dos outros.

Os jovens americanos passaram por uma transformação social e o ambiente interno do país também fortaleceu essa ideia de domínio e poder. Tudo isso é causa dos recentes massacres de jovens em escolas, salas de cinema e outros locais públicos naquele país. Notem, senhores leitores, que em todos os países existem pessoas insanas e desequilibradas, sociopatas em geral, mas o índice de casos de atiradores são maiores nos EUA. Jovens que planejam meses todos os detalhes para entrar e matar pessoas conhecidas, colegas de classe que por vezes zombaram de alguma característica e por isso se tornaram alvos de uma vingança e “acerto de contas”. Esses atiradores estão defendendo os seus interesses, frios e insensíveis aos outros tal qual a pregação da Casa Branca e do Congresso para políticas internacionais.

Os jovens americanos da sociedade atual estão “doentes” e vivendo em um ambiente interno que supervaloriza os interesses individuais, indiferente aos sentimentos alheios. Essa é a cultura da violência aliada a cultura de um fácil acesso a armas, baseado na 2° Emenda Constitucional que garante o direito do cidadão de portar armas para defesa pessoal. Todos podem ter armas e a compra é sem restrições, pais ensinam a seus filhos pequenos a manejar armas, mas esse não é o problema. Não é o direito de cada pessoa possuir arma ou ser ensinado a se defender que reside a discussão, mas a falta de restrições, e a ideologia americana de primeiro atirar e depois perguntar, ou o pensamento frio de que a vida humana pode ser tirada. Outros países que possuem acesso fácil a armas, tanto que vemos em filmes lojas de armas de fogo em esquinas,
tem o uso maior para caça esportiva e recreativa e disputas de tiro ao alvo, como Canadá e Suíça. A finalidade não é tirar a vida humana, mas o uso tem um sentido diferente do incutido nos Estados Unidos.

Por isso, pergunto se tudo isso não é um facilitador e juntos não explicariam os altos índices de massacres desse tipo nas décadas recentes, 90 e 2000?

Antes na sociedade americana o único tipo de “massacre coletivo” eram os suicídios coletivos de seitas religiosas, mas o cenário mudou como descrevi acima. Como falei, em todos os lugares habitam pessoas com a capacidade de cometer tais atos, mas a minha proposta de debate é mostrar que a sociedade americana está “doente” e essa cultura de violência é um catalizador para encorajar tais atos por jovens.

Para encerrar minha primeira participação, gostaria de comentar esta parte da C.I. do Alonso.

“Quanto à cultura de violência vale relembrar que no ápice do Império Romano a violência era presente na sociedade com diversas formatações. Uma delas eram os embates de gladiadores do Coliseu em que não apenas a violência, mas a morte eram encarados como fatos típicos de sua época e aceitos de forma distinta de como compreendemos as coisas hoje em dia.”

O Alonso foi feliz neste ponto comparando as duas sociedades, tanto Roma quanto EUA viveram apogeu e Roma também era belicista e cultuava a violência com as lutas dos gladiadores e o Coliseu, porém essa comparação para quando pensamos que estamos em uma época que privilegia a cooperação e não domínio dos povos, vivemos em uma época em que as nações são signatárias de acordos internacionais de direitos da humanidade e que episódios medievais como extermínio de um povo inteiro não é mais tolerado, enfim, uma nação não pode alimentar a violência em quaisquer de suas formas, a violência não deve ser “alimentada” mas usada em último caso, esgotadas as vias diplomáticas. Eu não sou pacifista, mas um povo que vive sob a educação belicista TENDE a ser frio e insensível aos outros, resolvendo suas “diferenças” de bullying se vingando de ex-colegas e professores omissos tirando-os a vida.

“A violência está sempre presente nas relações sociais duma forma outra, seja numa briga de bar ou em algum caso de violência doméstica, e na maioria deles não há a presença das armas de fogo como matriz dessa mesma forma de violência.”

Como falei, o fácil acesso a compra de armas de fogo até pela internet e entrega pelo FEDEX, são facilitadores da ação desses massacres nos EUA. E como havia dito, as armas de fogo na sociedade americana possuem um objetivo bem diferente da de outros países que também vendem a população, mas tem um índice de violência baixíssimo.

Essas foram minha palavras iniciais. Passo a palavra ao meu adversário.


Alonso Prado · 
Réplica

O Jadiel na sua exordial elencou uma série de opiniões pré-moldadas corriqueiras que favorecem a sua postura anti-americanista a qual suscita certa simpatia de grande parcela do público como se fosse uma crítica concreta a determinadas políticas internas e especialmente externas do governo americano.

Entretanto, ele se esquece do enxergar o outro lado da moeda, e coloca população e governo num mesmo patamar histórico de forma simplória que beira ao absurdo duma observação sociológica preconceituosa.

Se o governo, seja de que país for, adota políticas de proteção de seus territórios e soberania nacional de forma extensiva qual o problema nisso? Para o Jadiel a resposta disso passa pela manutenção do domínio econômico americano, o qual atualmente devido a conjuntura econômica atual não aponta o EUA como protagonista de 
eventos ligados a essa temática. Esquece-se ele ainda, que o maior cabedal militar para o uso da máquina de guerra americana é a defesa de sua soberania e segurança interna, e em segundo plano a instauração duma ideologia política de democracia nas ações tidas como beligerantes. Vale citar que a ex-URSS numa comparação direta das políticas de ações militares inverte o primeiro papel de uso de seu poderio militar para obtenção do segundo em larga escala. 

Isso no remete diretamente a dois conflitos históricos amplamente conhecidos: A guerra do Vietnã e invasão do Afeganistão pela ex-URSS, cabendo a questão: O EUA interveio militarmente buscando manutenção do seu domínio econômico nesses casos? A resposta é negativa quanto a isso. O EUA usou o seu destacamento militar visando uma ação de repercussão e de restauração da ordem política nesses países citados, e, além disso, em especial no caso do conflito do Vietnã a população americana era em sua maioria contra tais ações militares, pois ela se desenvolvia diretamente no campo externo territorial visando restabelecer o plano político livre destas nações prestando-lhes auxílio militar direto.

Este dado revela que a cultura da violência não está presente no âmago do povo americano da forma que o Jadiel tentar emoldurar com rotulações bastante conhecidas e propagadas pela mídia e críticos do sistema americano. 

Há uma distinção clara entre aquilo que o governo opera e o que a população realmente sente na maioria dos casos. Certamente o meu oponente irá trazer alguma exceção a estas situações onde o governo e povo estiveram uníssonos em ir à guerra. Antecipando-se a isso eu cito aqui os dois eventos históricos onde o EUA lutou em conflitos armados tendo em vista o seu direito de resposta a uma agressão exterior: A II Guerra Mundial e Guerra do Iraque.

Quando Pearl Harbor foi atacada pelos Kamikazes japoneses o Estado americano estava em guerra? Em absoluto. Quando os organismos terroristas de ideologia fundamentalista islâmica financiada diretamente pelos governos anti-EUA no Oriente Médio atacaram o World Trade Center o EUA estava patrocinando alguma campanha militar contenciosa? Também não. O que houve de fato nesses casos foi uma resposta a agressão externa plenamente de acordo com as convenções internacionais de direito internacional que fazem eco a legislação daquela pátria onde a democracia e liberdade são os pilares da sociedade. Numa guerra se lutou contra a opressão nazista e na outra para erradicar o centro de comando das células terroristas que agem contra os governos do Ocidente, e isso se deu após serem atacados deve-se destacar.

A questão que resta disso e que não encontra respaldo na síntese do Jadiel é a seguinte: Onde está a busca do domínio econômico nesses casos ora citados? Ela simplesmente inexiste. Desta forma os argumentos trazidos pelo mesmo configuram-se em falácias pré-moldadas por uma análise tendenciosa de fatos e políticas que envolvem a história norte-americana.

Não longe disso o Jadiel citou o contexto do Woodstock onde uma camada social de orientação heterodoxa pregava o bordão “Faça amor, não faça guerra”. Só que ele esquece-se de citar Charles Mason, famoso hippie com crenças satânicas que aliciou jovens que seguiram os pilares do movimento hippie a cometer crimes nefastos contra pessoas inocentes na Califórnia. Qualquer semelhança com personalidades a qual nós mesmos temos contato em rede sociais não é mera coincidência, pois padecem das mesmas formas de sociopatia e psicopatias motivadas por ideologias idênticas. Espero que o Jadiel seja ao menos honesto em concordar com esta última observação fática de que ideologias motivam certas pessoas a cometer atos malignos contra a sociedade e que o uso de armas de fogo é meio para concretizar tais ações e não origem de tais manifestações de criminalidade e desrespeito pela vida humana.

Aqui cabe trazer outra questão sobre o papel das convicções de ordem ideológica e política que podem ou não influenciar diretamente as manifestações de violência no EUA. Sabidamente o Partido Republicano, como organismo político organizado dentro da lei, é o mais radical em apoiar que cada cidadão defenda-se de hostilidades utilizando-se de armas de fogo e que o governo priorize políticas beligerantes externas. Dois aspectos chamam a atenção sobre isso: As leis dos estados confederados sulistas como Colorado e Arizona dentre outros, de maioria republicana por sinal, concedem maior permissividade e acessibilidade para obtenção de armas de fogo, inclusive de grosso calibre como as usadas nos massacres que temos conhecimento. 

O segundo aspecto é que os presidentes da dinastia Bush, ambos membros do partido republicano, foram os que levaram adiante as ações militares contra o Iraque nos últimos vinte ou trinta anos, sem contar a administração Reagan que municiou de forma indireta o futuro inimigo Iraque contra o Irã em sua época e que também municiou o Afeganistão de certa forma, outro inimigo do EUA reconhecido no contexto atual. 

Aqui inegavelmente há uma relação direta entre conflitos armados, leis internas e políticas externas beligerantes com o partido que representa uma parcela significativa da população americana. Todavia, isso torna cada cidadão americano partidário dessa ideologia política um indivíduo com potencial violento nocivo contra sua própria sociedade e pátria como nos casos do Colorado? 

Espero que o Jadiel se debruce sobre os meus apontamentos em sua réplica sem perder o bom tom e elegância que lhe são peculiares.
·        
Pelo que vi da réplica do Alonso ele se confunde ou mistura uma doença do consciente coletivo de uma sociedade com uma possível posição anti-americana, o que não tem nada a ver. Caros leitores, a intenção do debate é mostrar que a sociedade americana vive em um momento social alienante e isso reflete no comportamento dos mais jovens, sendo UMA DAS CAUSAS que desencadeia esses atos de extrema violência, fazendo com que o país tenha um dos maiores, senão o maior, índice de massacres desse tipo. Não é um ato terrorista, mas um ato de insanidade por vingança de desafetos pessoais ou se vingar de uma sociedade que o jovem não mais acredita e ama. A psicologia do jovem americano está diferente da época do “paz e amor” e seu comportamento se tornou mais frio e insensível, parte disso pelo aumento no discurso de potência americana, desc
onfiar de outras pessoas como espiões ou possíveis agentes de células terroristas, o crescente apelo pela invasão de outros povos, enfim, esse lado da política externa americana influencia na sociedade interna, nos jovens principalmente que recebem uma educação de atacar os seus “inimigos” e não de conciliação com o diferente. Por isso digo que a sociedade americana está doente psicologicamente.

Um exemplo disso é que depois dos ataques de 11 de setembro, os americanos passaram a odiar os árabes ou no mínimo desconfiar de qualquer estrangeiro, tido como “suspeitos”. Esse acontecimento os deixaram paranóicos com casos de suspeitar de qualquer maleta esquecida em algum canto de aeroporto ou na rua, com medo de ser alguma bomba. Esse clima mexe com o inconsciente coletivo de uma nação e gera políticas agressivas se distanciando da empatia e do contato com o outro, principalmente se esse outro for diferente de você. 

Se fizermos uma pequena análise desses massacres envolvendo adolescentes e armamento pesado em locais públicos, veremos que o ódio e o desprezo pelas pessoas, muitas das vezes pessoas conhecidas, são elementos comuns e essenciais.

No caso da escola secundária de Columbine, por exemplo, um dos adolescentes escreveu em seu diário.

"Quando começar a matar, há provavelmente umas 100 pessoas na escola que não quero que morram. O resto deve morrer", escreveu Eric Harris em seu diário pessoal, em outubro de 1998.

"Odeio todos por me excluirem de tantas coisas, e será melhor terem medo de mim", "Ódio! Estou cheio de ódio e gosto disso. A natureza humana é a morte", acrescenta.”

Não serei simplista em dizer que a política externa americana influenciou na atitude desses jovens, por favor, não entendam isso e até o final do debate espero ter esclarecido esses pontos. A questão é que entre as causas da intenção desses jovens está o fato do inconsciente coletivo da sociedade americana viver uma cultura belicista, de violência e agressora. Adicione esse fato a falta de estrutura familiar, amparo psicológico, facilidade ao acesso a armas de fogo e rancor de casos de bullying. Notem que esses ingredientes aparecem em maior grau nos EUA, mesmo que esses perfis doentios existam em todo tipo de sociedade. 

Parece que o Alonso está negando que os EUA sejam um país belicista e sua política seja voltada a manutenção de sua hegemonia global. Vejam que o fato de uma potência ser defensora de seu status não está errado, é natural, só que o modo como se emprega essa política gera consequencia tanto externa quanto entre seus cidadãos. Tanto a guerra do Vietnã quanto o apoio aos talibãs dado pelos EUA quando o Afeganistão era um país controlado pela ideologia comunista tinham um interesse em diminuir a influencia soviética nessas regiões visando o fortalecimento do bloco capitalista. Isso é ensino primário, não entendo porque o Alonso quis defender que os EUA só queriam livrar estes países da dominação comunista e lhes dar a liberdade democrática. 

O Alonso ainda trás uma série de exemplos errados para dizer que os EUA não buscam uma dominação econômica, rs Se ele descrevesse historicamente todos esses acontecimentos que enumerou, saberia que o pano de fundo é sempre o caráter de defesa dos interesses americanos, e como disse não está errado, mas o modo que se faz essa política reflete no inconsciente coletivo de sua sociedade. Vejamos, o ataque aos navios dos EUA em Pearl Harbor é historicamente comprovado que foi forjado pelos próprios americanos para entrar na guerra, os ataques as torres gêmeas foi motivado pela política externa americana a favor do estado de Israel e contra a fundação de um estado palestino. Dizer que o argumento que a busca pelo domínio econômico por parte dos EUA inexiste é desconhecer por demais a História. 

Só que esse pensamento de poder e domínio acaba se tornando parte da cultura do povo, um poder frio e um domínio insensível, onde as pessoas que não coadunam com sua empatia merecem desprezo e em níveis doentios o seu ódio. Na época dos jovens hippies, a educação era diferente e não visava a satisfação do amor egoísta, mas de um pensamento mais coletivo e compreensivo, não víamos casos de massacre de colégios de crianças por ódio, mas casos de suicídio coletivo ou grupos ligados a doutrinas religiosas satânicas ou ufológicas.

Os quatro últimos parágrafos do Alonso em sua réplica corroboram para minha tese, nisso ele me ajudou e só me resta responder a questão levantada por ele.

“Todavia, isso torna cada cidadão americano partidário dessa ideologia política um indivíduo com potencial violento nocivo contra sua própria sociedade e pátria como nos casos do Colorado?”

Não, Alonso. Não é cada cidadão americano partidário dessa ideologia política um assassino em potencial, mas todo assassino em potencial é influenciado por esta cultura da violência a levar adiante os seus planos de vingança e loucura.

Encerro aqui minha réplica!

Tréplica:

O Jadiel resolveu se tornar psicólogo social ou sociólogo e afirma categoricamente que a sociedade americana padece - além da evidente obesidade por consumo desregrado de fritas e hamburger - daquilo que ele descreve como “doença do consciente coletivo”. 

Segundo o próprio Jadiel a juventude americana é alienada e isso é uma das causas que gera o extremismo da violência. Com isso o Jadiel parece ter deixado de lado a sua primeira tese de que a cultura de armas é que leva a geração da violência social e massacres e agora passa a depositar a culpa na juventude transviada do EUA. Só faltou ele alegar que jogar Call of Duty ou Counter Strike é um fator contribuinte para que os jovens alienados comprem armas e saiam pelos cinemas achando que aquilo ainda é uma fase bônus do jogo para matar quem quer que seja. 

Seria a ú
nica forma dele buscar correlacionar juventude alienada com armas e ao menos misturar cultura de armas com juventude que vive numa sociedade hostil e sempre ameaçada a cada quarteirão por alguma bomba atômica terrorista como é enredo de games. Para finalizar a sua nova premissa preconceituosa ele arremata: “Por isso digo que a sociedade americana está doente psicologicamente”.

Como se não fosse o suficiente o Jadiel aponta depois disto que existe uma teoria da conspiração com uma cadeia de fatos baseados em diários desses jovens como se eles fossem documentos da CIA ou FBI com alto teor de probabilidade de serem legítimos quanto aos fatos que remetem.

Depois disso a veemência do Jadiel em vociferar “ad populum” sobre o EUA não cessa e toma proporções maiores afirmando que a totalidade da cultura e política do EUA é voltada para a guerra. 

O Jadiel parece desconhecer que a cultura social americana tem raízes em valores conservadores baseados inclusive na teologia protestante que prega que o trabalho é um meio digno de vida e que contribuir para o bem estar do próximo até mesmo aderindo causas sociais é uma maneira de formar uma nação mais justa e pacífica.

Historicamente são esses os valores que o povo americano preserva na sua cultura cotidiana independente de classe social ou faixa etária. 

Ante a isso percebam que no começo da sua réplica o Jadiel se refere a “consciente coletivo” e depois no meio do seu trajeto argumentativo ele diz que existe uma influencia de “inconsciente coletivo” sobre a massa social que desestrutura as famílias e levam a juventude a aderir práticas de agressão escolar até chegar ao ápice da agressão armada em massacres.

Após isso o Jadiel envolto em tom agressivo no seu discurso começa a insinuar o conteúdo das minhas premissas é primário, pois segundo ele mesmo in verbis: “Parece que o Alonso nega que os EUA sejam um país belicista” e no final da sua premissa solta um “non sequitur”: “Não entendo porque o Alonso quis defender que os EUA só queriam livrar estes países da dominação comunista e lhes dar a liberdade democrática”.

Disso fica a questão: Se eu nego que os EUA são um país belicista porque eu fiz questão de dizer que o EUA foram a guerra? Depois disso ele ainda vai mais a fundo e diz que isso é ensino primário sem saber ele que Robert McNamara, que era Secretário de Defesa menciona em suas lições que empatia pelo inimigo e racionalidade não salva ninguém e que deve haver alguma outra forma de resolver conflitos além da política diplomática e uma delas é a guerra. 

Posto isto, fica fácil perceber que o Jadiel alterou sua condição inicial de psicólogo para pedagogo e professor de história, mas sempre mantendo a sua postura contra o EUA, ao ponto de chegar a dizer sem comprovações sequer bibliográficas que: “o ataque aos navios dos EUA em Pearl Harbor é historicamente comprovado que foi forjado pelos próprios americanos para entrar na guerra”. 

As perguntas que se retiram disso são as seguintes: “Porque o EUA atacaria uma base militar própria visando entrar na guerra? Seria uma forma de ganhar mais dinheiro? Visto que segundo o Jadiel o ingresso numa guerra pelos EUA sempre, sempre, sempre visa manutenção do seu poderio econômico.

Napoleão Bonaparte é categórico em dizer que para se ingressar numa guerra se gasta dinheiro e não o contrário disso ao dizer: “Para se fazer uma guerra se necessita de três coisas: Dinheiro, dinheiro e dinheiro”.

Porque então ingressar numa guerra seria tão vantajoso aos EUA, sendo que do outro lado estavam sendo disseminados pela Europa inteira o nazifascismo e holocausto contra os judeus? Isso seriam motivações históricas menores tendo em vista a cultura democrática e liberdade americana?

Para o Jadiel a tese é que o EUA ingressa numa guerra para pilhar e saquear os territórios inimigos e reduzi-los a economias frágeis e debilitadas no pós-guerra através de políticas de imposição de indenizações por perdas e danos durante a guerra (as quais são permitidas por tratados internacionais). Segundo ele não existe outra motivação fora isso porque o povo do EUA não teria que contribuir para os esforços de guerra através de tributos compulsórios e com isso – mesmo contra a lógica – os tornaria mais ricos e poderosos. 

Isso revela a visão deturpada do Jadiel sobre a cultura popular do EUA; pois para ele o EUA são um grande quartel militar de treinamento de jovens alienados que quando não estão planejando massacres estão em guerra para exteriorizar a ganância e debilidade mental assassina dum povo supostamente democrático em outro sentido: O do fazer guerra a todo custo para expandir a cotação do dollar, petróleo e commodities aos níveis mais astronômicos ou as quedas mais absurdas para eles poderem especular economicamente e formarem reservas de riquezas através de eventos beligerantes.
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Não é fácil reconhecer em seu adversário características de um bom jogador, que no caso, são características de um bom duelista, e eu reconheço isso no Alonso porque ele “pescou” algumas incongruências do meu argumento, tentou desqualificar minha réplica com falácias e ainda desvia o assunto para questionamentos da história dos EUA. 

Vamos analisar essas partes citadas por ele então. Primeiro, realmente ora eu escrevo em “consciente coletivo”, ora “inconsciente”, porém para o argumento que defendo as duas palavras fazem sentido se o leitor não tomar no sentido freudiano ou psicanalítico. A questão é mostrar que uma cultura fica enraizada no comportamento do seu povo a ponto de agir no inconsciente coletivo como por exemplo a data da independência da república, criou-se a cultura de se celebrar esta data como uma data simbólica 
e assim todo o dia 7 de setembro, todos os brasileiros, coletivamente, já sabem do significado da data, mesmo que não tenham frequentado as salas de aula, mas em alguma época da vida já devem ter visto o desfile cívico ou as fanfarras. Assim como o Carnaval no Brasil é uma cultura já enraizada no inconsciente coletivo do povo brasileiro. A cultura de uma nação acaba fazendo parte das ações de seu povo. 

Segundo ponto contestado pelo Alonso foi as possíveis falácias. 

“Depois disso a veemência do Jadiel em vociferar “ad populum” sobre o EUA não cessa e toma proporções maiores afirmando que a totalidade da cultura e política do EUA é voltada para a guerra.”

Essa afirmação não é um “ad populum” de mais um anti-americano, como o Alonso quer passar a minha imagem para os leitores, mas de dados sobre gastos militares. O orçamento dos EUA em gastos para guerra, tanto em tecnologia, armas e treinamento superam todos os demais países. Além do que atualmente, os EUA financiam a guerra do Afeganistão, Iraque e Líbia, essas são os financiamentos oficiais, contabilizados e públicos. Então, não é uma afirmação preconceituosa quando digo que os EUA são um país belicista, mas amparado por dados e fontes estatísticas achadas em todas as pesquisas do google.

Terceiro ponto é tentar desviar o foco do tema do debate. Não estamos tratando se Pearl Harbor foi ou não um ataque fajuto para os EUA poder entrar na guerra, ou quais são as intenções da potência mundial ao participar de um conflito internacional, se são econômicas, política ou as duas coisas. O debate é a consequencia no comportamento dos cidadãos estadounidenses vivendo em um país cuja política é armamentista e voltada a manutenção de seu status quo de potência econômica mundial. Para mim, o alto índice de casos de massacres violentos como o ocorrido no cinema do Colorado reflete essa cultura. Notem senhores, que sempre deixei claro que NÃO é apenas isso, mas é um fator IMPORTANTE para desencadear casos assim. 

Em países onde as armas também são facilmente comercializadas, não vemos casos de massacres em locais públicos e também os índices de mortes violentas são bem menores do que nos EUA. São exemplos, Alemanha, França, Japão, Reino Unido e especialmente o Canadá. 
Nestes países o objetivo de um cidadão possuir um rifle é para prática esportiva e recreativa e uso em último caso para defesa pessoal, já nos EUA o propósito é defesa dos interesses pessoais, seja bem material ou a própria vida. Além da sociedade americana, como venho argumentando, possuir uma mentalidade de medo, consequência dos episódios terroristas, e viver uma política que alimenta a violência. 

Não questiono os fatos em si, os motivos para política externa americana ser belicista, ou os motivos do porte de armas ser tão acessível a ponto de adolescentes e crianças poderem comprar, mas as consequencias disso. E busco correlacionar os massacres com essa política e educação facilitadora de ações tão brutais.

Abaixo relaciono alguns dos atentados recentes nos EUA, lembrando que é o país com maior índices de atentados do tipo. 

No dia 5, um atirador entrou em um templo sikh (religião monoteísta indiana) nas cercanias de Milwaukee, no Estado americano de Wisconsin, e matou seis fiéis antes de se suicidar. O ataque foi feito na manhã de um domingo, durante uma cerimônia religiosa. Segundo o FBI (Birô Federal de Investigação, em inglês), o ex-militar Wade Michael Page disparou contra si mesmo na cabeça após um policial de Oak Creek ter atirado em sua barriga para evitar que ele continuasse a matar os fieis.

Em 20 de julho, o ex-estudante James Holmes, 24, entrou armado em um cinema de Aurora, subúrbio da cidade de Denver (Colorado), e disparou contra a plateia, matando 12 pessoas e ferindo outras 58 durante a pré-estreia do filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge". 

2012
2 de abril Um coreano de 43 anos mata sete pessoas na Universidade Religiosa de Oikos (Califórnia), antes de se entregar à polícia. O atirador assassinou metodicamente suas vítimas depois de alinhá-las contra um muro.

2011
7 de agosto Um homem matou sete pessoas, incluindo um menino de onze anos, antes de ser morto pela polícia em laCopley Township, no nordeste do Estado de Ohio.
12 de outubro No balneário de Seal Beach, na Califórnia, um homem, que tinha problemas com sua ex-esposa pela custódia do filho, abre fogo no salão de cabeleireiros onde ela trabalhava, deixando oito mortos.

2010
3 de agosto Um homem que tinha problemas com seus empregadores mata oito colegas em uma empresa de distribuição de cerveja em Connecticut, antes de suicidar-se
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2009
3 de abril O vietnamita Jiverly Voong, 42, disparou 98 vezes em aproximadamente um minuto em um ataque no prédio da organização de atendimento aos imigrantes em que estudava inglês, na cidade de Binghamton, em Nova York. No ataque, 13 pessoas foram mortas além do próprio atirador, que se suicidou ao final da ação, com um tiro na cabeça. entre as vítimas, está um professor brasileiro.
29 de março Robert Stewart,45, disparou contra pacientes de uma clínica especializada em idosos com o Mal de Alzheimer, em Carthage, pequena cidade da Carolina do Norte. Oito pessoas morreram na tragédia: um homem de 98 anos, quatro mulheres na casa dos 80 anos, duas pessoas com cerca de 70 e uma enfermeira.
10 de março Homem mata nove pessoas --entre elas sua mãe e outros quatro parentes-- em uma série de ataques e depois se suicida no sul do Estado do Alabama.

A lista é enorme, mesmo que temos casos como o atirador da Noruega que matou 77 pessoas e o massacre da escola de Realengo, os EUA superam os índices de casos do tipo. E notem que os motivos são fúteis e a maioria segue o suicídio. A tese que as políticas externas de guerras, já que não existe guerra civil desde a Guerra de Secessão, alimenta uma cultura de violência interna, aliado ao alto grau de individualismo, visto os motivos fúteis dos assassinos e desordens mentais graves como psicopatias são causas do alto índice de atentados do tipo e mortes violentas, é bastante forte e até agora o meu adversário não mostrou a que veio. Ele tenta desviar o foco do debate para questionamentos históricos e nega os fatos incontestáveis por números de que os EUA são uma nação belicista e não apresenta um argumento convincente de que políticas externas e uma educação voltada para a violência possa trazer influencia aos cidadão do país.

Encerro minha tréplica. Obrigado a todos.
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Moderado
 · 8 de Setembro às 20:11
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Considerações Finais

Segundo a compreensão e perfil histórico sobre cultura e política dos EUA existe uma nítida semelhança entre esta nação a condição que o Império Romano dispunha como centro político, cultural e militar, cada qual em sua época. 

Em ambas as situações se encontram o uso da máquina de guerra para expansão de sua cultura e influencia política, mas o que os difere é que o poder econômico de um (EUA) se centraliza nas condições macro-econômicas internas e não da exploração externa de meios como foi realizado por Roma e depois em período histórico adiante pelos países absolutista colonizadores.

Serve para este exemplo Espanha e Portugal, que infiltraram de certo modo sua cultura e poder político para explorar outros países, ao contrário do papel preponderante americano que de colônia passou a ser uma nação calca
da em fundamentos de democracia e liberdade e desde então passou a gerir o seu Estado e relações internacionais com fulcro nesses parâmetros.

A diferença crucial é basicamente que os EUA não estabelecem relações de exploração predatória contra seus supostos inimigos, mesmo quando adjunto com seus aliados na era moderna, mas sim mantém a manutenção das relações de livre iniciativa comercial com determinados países como parceiros comerciais com forte papel de assistência política e diplomática, fato que leva a crer que isso é uma forma de usar eventos como as guerras como o único meio de impor seu poderio no campo econômico intentando exclusivamente a manutenção do poder econômico americano. 

A segunda parte dessa síntese é evidenciação duma falácia bastante difundida nos países como o Brasil de orientação política baseada na esquerda socialista, que por sua vez, faz com que haja um preconceito natural com o discurso e ações americanas ao redor do mundo, em especial quando se trata de guerras. É nesse preconceito e aceitação de teses anti-americanistas e fundadas no argumento que: “Os EUA usam a guerra para manutenção do seu poderio econômico” é que se baseia todo o discurso do oponente de forma unilateral e tendenciosa sem avistar de forma clara o outro lado da moeda.

Isto posto, fica evidenciado que a tese do oponente carece de melhores fontes e pesquisas mais aprofundadas sobre a história e formatação da política interna e externa dos EUA, tanto no campo econômico como na esteira da política de guerra desta nação. 

Quanto aos aspectos culturais a tendência de taxar a cultura americana de violenta capaz de gerar de forma condicional eventos como os massacres de Aurora e Columbine também resta descabida, pois notoriamente obedece ao mesmo pavimento tendencioso da esquerda socialista propagado na manipulação de pensamento ao qual o oponente se rende ficando impedido de perceber que os massacres estão mais ligados com diversas formas de psicopatologias como a psicopatia do que necessariamente a uma ambiente de propagação de uso de armas.

Muitos países tem a cultura de permissividade de uso de armas de fogo, como o Brasil, embora se faça campanha governamental para coibir essa mentalidade de alguma forma através de organismos sociais ditos independentes pela paz e segurança. Diante disso, nesses países não existe alto índice de massacres realizados por civis contra civis, e sim o contrário disso, existe um alto índice de massacres de autoridades armadas e grupos fora da lei contra civis desarmados como chacinas policiais que ao invés de atingir delinquentes perdem o foco e agridem a sociedade civil, bem como grupos criminosos levam a cabo o mesmo fato. 

No EUA as armas estão tanto nas mãos do Estado quanto nas mãos dos cidadãos duma forma ou outra. No Brasil, por exemplo, se inverte drasticamente essa condição e existe uma proliferação de grupos armados sejam legais ou ilegais como os comandos criminosos paulistas e cariocas que atingem a sociedade desarmada e incapacitada muitas vezes de auto defesa. Percebe-se que manter as armas de fogo apenas nas mãos das autoridades impede que o cidadão esteja realmente protegido, pois as autoridades não tem competência extrema para zelar do bem estar social em diversas situações onde o cidadão é atacado sem ter como se defender. 

O contraste disso é que tanto a sociedade dos EUA como a brasileira são inegavelmente violentas do ponto de vista de uso de armas de fogo em eventos violentos e ceifadores da vida humana, mas em nenhum deles há altos índices ou casos em série de massacres de civis armados contra civis. De acordo com isso, não existe um efeito social ou cultural imediato que resulte em massacres, mas sim outra causa, sendo a mais aparente e dominante segundo estudos a das psicopatias individualizadas que ocasionam massacres de pessoa contra pessoas como os casos do Colégio do Realengo e massacres de Aurora e Columbine. As estatísticas e fundamentos são claros e apontam para isso. 

Com base nisso ficam nítidos que o discurso do Jadiel é basicamente tendencioso e parcial ao ponto de tentar fazer muitos aderirem a tese que a sociedade americana é vítima duma cultura de guerra e violência que é implantada para manutenção do “american way life” fundado no ponto de vista econômico, quando na verdade se trata apenas duma questão de segurança social interna e de manutenção da soberania nacional diante de agressões estrangeiras armadas contra a liberdade humana. 

Encerro por aqui a minha participação nesse debate, e agradeço o Jadiel pelo alto nível da discussão e cordialidade, e em especial aos leitores deste debate pelo tempo e apreciação dos argumentos de ambos os debatedores. 
Curtir · Responder · 9 de Setembro às 16:33
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Considerações Finais

Lendo as Considerações Finais do meu oponente, percebo uma drástica mudança no rumo como ele abordou o tema, tanto no modo de escrever quanto na forma de que trata seus argumentos. Até parece outra pessoa no debate, ou justo em sua última “fala” notou como estava enganado em seus argumentos anteriores. Os leitores perceberão a mudança drástica de linguajar e de tratamento que ocorreu.

Pois bem, o meu oponente continua batendo na tecla de que os EUA não são um país que impõe sua política e economia de forma bélica no mundo e que esse pensamento não passa de intrigas de esquerdopatas. Como disse antes, o tema do debate não é esse, ou seja, o (s) interesse (s) da participação dos EUA em guerras e conflitos em outros países. Sabemos, porém, que os EUA possuem o maior gasto em material bélico no mundo, que part
icipa atualmente da invasão do Afeganistão, Iraque e Líbia, além de apoiar indiretamente outros conflitos, como o da recente Síria. Não podemos negar que seja uma nação belicista, e mesmo que o conselho da ONU não aprove as intervenções militares, os EUA seguem com seu plano de ataque. Se os interesses do mesmo são de ideais libertários ou se econômicos, isso não vem ao caso. O que importa é o caráter de ocupação e domínio de forma violentamente impostos pelos EUA e isso já os caracterizam como dominadores.

Uma nação de dominadores, que violam as decisões do conselho da ONU para ocupar militarmente um país ou região. Essa política que acaba formando uma diretriz, uma modelo de se pensar através da mídia, do cinema, da literatura e de toda forma de educação influencia no comportamento da população. É o que chamei de “inconsciente coletivo”. Acaba fazendo parte do cidadão o pensamento de defesa a qualquer custo, sem pensar na gravidade ou na intensidade do seu ato de defesa. É mais do que possuir uma arma de fogo, vai muito além. O cidadão americano educado nesse paradigma belicista acaba por disparar uma arma de fogo sem a menor chance de pensar sobre outros meios de defesa menos violento ou até mesmo entre a possibilidade de fugir ou atirar, ele preferirá atirar e se possível para matar. Os altos índices de crimes violentos evidencia que o comportamento do cidadão é para matar o seu agressor e não para imobilizá-lo ou afastá-lo. Estão vendo, caro leitores, é esse tipo de comportamento que diferencia os índices de homicídios nos EUA do restante dos países com legislação semelhantes quanto ao uso de armas de fogo. Não é o fato de se portar uma arma, mas o uso racional dela. Essa é a diferença, enquanto um europeu ou canadense usa para imobilizar o agressor, o americano já utiliza para matar, o que explicaria os índices de crimes violentos.

O Alonso insiste em ignorar que os EUA são o país com maior número de casos de massacres entre civis, e com características semelhantes, os autores são jovens, se sentem isolados e humilhados socialmente, com pensamentos violentos, tanto em conversas registradas, cartas, diários, ou até mesmo expondo esse comportamento agressivo com psicólogos e professores dos locais do massacre, e acesso a armas e explosivos. A pergunta que fica é: “Se esses eventos foram tão somente de origem psicopatológica, como o Alonso tanto acredita, por que não temos esses casos em mais países? Será que os EUA concentram a maior parte dos psicopatas do mundo?”

Não, meu caros leitores. Tanto nos EUA quanto no Brasil ou qualquer outro país do globo existem psicopatias individualizadas, como escreve o Alonso, porém o maior número de casos se concentra em um país devido a cultura de violência de seu povo, um ambiente propício para alimentar pessoas com essa predisposição a seguir em frente com seu plano de vingança pessoal. Vingar as humilhações e deboches que um dia sofreram naquele ambiente escolar ou universitário ou simplesmente entrar em uma sala de cinema no dia da estréia de um filme super aguardado para ser noticiado e ganhar notoriedade, além de tirar a vida de pessoas que talvez o achassem um derrotado na vida. Em uma cultura onde o medo e a violência predominam qualquer motivo pode se tornar válido para justificar a minha defesa. A defesa pessoal da honra e do ódio.

Enfim, encerro este debate na esperança de ter levado a todos os leitores a reflexão. Aqueles que lidam com adolescentes em ambientes de grupo, seja colégios, clubes ou igrejas, que possam identificar esses comportamentos e fomentar a cultura do respeito e da conciliação, não querendo tirar o direito de defesa, mas saber dosar a intensidade de todos os nossos atos. Por que usar uma foice se eu posso usar um canivete? Essa é a proposta. Por que atirar para matar se eu posso imobilizar? A atitude passa por toda uma cultura e educação que direciona para uma ou outra ação.

Agradeço ao Alonso e a todos aqueles que acompanharam este debate.


http://ringuefilosofico.blogspot.com.br/2012/08/crf-001-alonso-prado-vs-jadiel.html

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